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Para Oliver Burkeman, jornalista e escritor britânico, que escreve sobre
produtividade, mortalidade e o poder dos limites, confrontar a nossa finitude ― e
o pouco controle que temos sobre ela ― é a chave para uma vida prazerosa e
significativa. Seu livro mais recente, “Quatro Mil Semanas”, que navega na
contramão do paradigma atual, foi selecionado como o livro do ano pelo Financial
Times, Guardian e Observer.

Segundo Burkeman, vivemos numa era de demandas impossíveis, escolhas
infinitas, distrações implacáveis e crises globais. Nesse contexto, a maioria dos
conselhos sobre produtividade e gestão do tempo é contraproducente.
Nossas agendas transbordam de compromissos e as listas de afazeres são longas.
O desejo de realizar mais e mais nos mantém ocupados e, no pouco tempo livre
que nos resta, permanecemos conectados às redes sociais com medo de “ficar de
fora” dos acontecimentos.

Por isso nunca foi tão importante criarmos momentos de pausa. Encontrarmos
tempo para, simplesmente, parar e preencher esse hiato com algo que importa. Não
à toa a prática da gratidão, como instrumento de felicidade e equilíbrio, vem
ocupando o centro das atenções.

Estudos conduzidos por pesquisadores da Harvard Medical School apoiam a eficácia
da gratidão, sugerindo que uma atitude positiva e apreciativa contribui para maior
sucesso no trabalho, melhor saúde, melhor desempenho no esporte e nos negócios e
maior sensação de bem-estar.

Mas, embora possamos reconhecer os muitos benefícios da gratidão, ainda pode
ser uma prática difícil de sustentar. Muitos de nós estamos treinados para reparar
naquilo que falta em nossas vidas. E para que a gratidão atinja todo o seu potencial
de cura, precisamos aprender uma nova forma de ver as coisas, forjar um novo
hábito. E isso pode levar algum tempo.

Quando praticamos dar graças por tudo o que temos, em vez de nos queixarmos
do que nos falta, damos a nós próprios a oportunidade de ver toda a vida como
uma oportunidade e uma bênção. Uma jornada de regeneração contínua.
A gratidão não é uma abordagem cegamente otimista que pretende adoçar ou
ignorar as coisas ruins da vida. É principalmente uma questão de onde colocamos
a nossa atenção positiva em meio a tanta correria. A dor e a injustiça existem neste
mundo, é fato. Mas, quando nos concentramos nos dons da vida, nutrimos uma
sensação de bem-estar. A gratidão nos equilibra e nos dá esperança.

Você tem o hábito de agradecer? Há muitas coisas pelas quais sermos gratos ao
longo das 4 mil semanas que dura, em média, a vida de um ser humano. O que
está na sua lista?

Experimente definir suas pausas de gratidão. Você verá que essa prática
promoverá uma mudança significativa em sua paisagem interna, fazendo emergir
um sentimento de entusiasmo e confiança no futuro. E essa sensação sublime
nada mais é do que a gratidão dando seus primeiros frutos.

Artigo publicado na Revista Coaching Brasil, 2022.