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Somos um conjunto de dons, virtudes e talentos que nos torna singulares e orienta nossa jornada
vida a fora. Porém, ao longo desse caminho, vivenciamos eventos que, não raro, nos afastam dessa
essência, eclipsando o que há de mais original em cada um de nós.

À medida que esquecemos quem somos, tendemos a nos identificar com nosso corpo físico e com
aquilo que pensamos e sentimos. Dizemos: “Sou isso”, “Sou aquilo” … nos apegamos a pensamentos de
todo tipo… e, muitas vezes, ficamos reféns de nossas emoções que, ora nos deixam em brasa, ora nos
fazem sentir impotentes. Experimentamos uma verdadeira montanha-russa existencial, que,
frequentemente, nos deixa desconfortáveis sob a própria pele.

Não é de admirar, então, que passemos a forjar uma armadura para nos proteger do mundo ou para
atrair sua atenção. Afinal, queremos ser amados, admirados e incluídos. Mas, por quanto tempo podemos
ostentar essa armadura até que comecemos a sentir dores, angústia, frustração, ansiedade…?

Para descartar a armadura e voltar a viver a partir da nossa essência é fundamental que
pratiquemos a auto-observação e cultivemos nossa liberdade interior. Segundo a educadora e coach
Jennifer Gervey Berger, Ed.D., são cinco as principais armadilhas da nossa mente.

A seguir, compartilho com vocês minhas reflexões sobre cada uma delas, pois acredito que sejam
um bom começo para quem quiser se livrar da armadura antes que ela enferruje.

“Nós acreditamos que estamos certos”

É fácil acreditar que nossa verdade é “a Verdade”. Preste atenção a como você reage quando você
é questionado sobre uma de suas “certezas absolutas”. Você levanta a guarda imediatamente ou
demonstra curiosidade para se familiarizar com o que lhe é estranho? Como seria buscar construir com o
Outro novas possibilidades?

“Nós contamos histórias”

Qual seria sua resposta para a pergunta: “Quem você chamaria para jantar na sua casa hoje”?
Chamaria a mesma pessoa de sempre, que já conhece suas histórias de cor e salteado ou escolheria
pessoas para quem você pudesse contar essas mesmas histórias com um olhar renovado sobre si mesmo
e os demais personagens? Ouse buscar novos significados para sua narrativa pessoal.

“Nós gostamos quando concordamos”

Nossas conexões sociais foram construídas para concordarmos! A concordância aparente traz
conforto, mas, ao contrário de nos aproximar, ela diminui a possibilidade de aprofundarmos nossas
relações. Para escapar dessa armadilha, precisamos aprender a conviver com pontos de vista divergentes.

“Nós gostamos de estar no controle”

Controle da relação, dos colaboradores, da família, a lista é longa… Claro, quanto mais afastada
me encontro da fonte, da minha essência, mais necessidade de controle manifesto.

Como mãe de duas jovens adultas, de vez em quando ainda me pego pensando que posso controlar
os eventos que têm lugar em suas vidas…. E comecei a refletir sobre como antecipar e orientar faz sentido
para mim. Mas, se não resignifico meu papel em suas vidas, aonde pode me levar essa ilusão de controle?

“Nós protegemos nossas identidades”

Nossos comportamentos e as escolhas que fazemos pretendem sustentar nosso ego, nossa
armadura, que existe com a melhor intenção de nos proteger. Entretanto, será que essa proteção, que
tantas vezes se sobrepõe à nossa sabedoria interior, não nos distancia da plenitude?

É difícil acessar quem somos e usufruir da nossa fonte de força e segurança, enquanto estivermos
aprisionados nessa ilusão. Se você acredita que chegou a hora de aposentar sua armadura, convido você
a escolher, dentre as 5 armadilhas apresentadas, a primeira que você vai desativar no seu dia a dia.

Referências bibliográficas:
Berger, J. – Unlocking Leadership Mindtraps: How to Thrive in Complexity
Fisher, R. – O Cavaleiro da Armadura Enferrujada

Artigo publicado na coluna Papo Rápido da Revista Coaching Brasil, 2022.