Havíamos acabado de entrar em contato com o acrônimo VUCA…. Ele surgiu para explicar os
fenômenos que começaram a acontecer no mundo, caracterizado por um ambiente Volátil,
Incerto, Complexo e Ambíguo. Muito, mas muito diferente daquele em que nossos antepassados
viveram.
Vejamos rapidamente como essas características se apresentam:
- Volatilidade – tudo é impermanente e fluido, tudo muda o tempo todo com uma velocidade
cada vez maior e com um impacto imenso na sociedade e na natureza. Velhos paradigmas
são postos em xeque, levando a revisões constantes de nossas crenças e valores. - Incerteza – tudo é um conjunto de probabilidades, não se sabe ao certo o que pode acontecer.
O imprevisível está na ordem do dia. Os prognósticos de futuro são cada vez mais difíceis.
Não há verdades intocáveis, a verdade é uma descoberta incessante, passível de ampliação,
superação e incorporação de novos aspectos. - Complexidade – nada é simples. Tudo é interdependente e interconectado, todas as coisas,
todos os seres estão interligados formando uma imensa rede que abrange tudo, não há
nada isolado no universo físico, vivo e humano. Não podemos mais olhar as coisas e o
mundo de forma linear. O mundo agora é exponencial. - Ambiguidade – Não existem mais definições absolutas de nada, tudo pode ter diferentes
interpretações, possibilidades e respostas. A percepção do mundo passou a ser
multifacetada.
Essa nova realidade, que se impôs desafiando todos os nossos paradigmas, e a velocidade com
que começou a gerar movimentos disruptivos em nosso mundo… provocou um tipo de “curto
circuito” em muitos de nós.
Não é à toa que problemas de saúde mental, em pessoas sem predisposição genética ou
hereditária, têm se tornado cada vez mais comuns em todo o mundo.
Dados recentes da OMS (Organização Mundial da Saúde) mostram que 5,8% dos brasileiros (cerca
de 12 milhões de pessoas) sofrem de depressão. É a maior taxa da América Latina e a segunda
maior das Américas, atrás apenas dos Estados Unidos. Estima-se que entre 20% e 25% da
população teve, tem ou terá depressão, sendo essa a doença psiquiátrica com maior prevalência
no Brasil.
Em seguida, aparece a ansiedade, que afeta 9,3% dos brasileiros (cerca de 19,4 milhões), e faz com
que o Brasil ocupe o primeiro lugar da lista de países mais ansiosos do mundo. Os transtornos
ansiosos incluem fobia, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático e ataque de
pânico.
Em se tratando do mercado de drogas psiquiátricas, o Brasil é o segundo maior consumidor de
Ritalina, um tipo de anfetamina que atua como estimulante e facilita a concentração, ficando atrás
apenas dos Estados Unidos.
Já o Rivotril é um tranquilizante também utilizado para tratar distúrbios do sono (segundo a OMS,
a insônia afeta 40% dos brasileiros e 45% da população mundial), em 2018 foram comercializadas
nada menos do que 19,8 milhões de caixas.
Você tem, então, tranquilizantes para dormir e tem anfetaminas para manter o indivíduo ligado.
Criou-se uma espécie de tecnologia do sono e da produtividade pessoal. Será que tem algo
errado acontecendo bem debaixo do nosso nariz que insistimos em ignorar…?
Mas, opa!! A velocidade é tanta que, agora, o mundo é BANI…
O conceito de BANI (Frágil, Ansioso, Não-linear e Incompreensível) foi cunhado pelo
antropólogo norte-americano Jamais Cascio e se tornou conhecido em 2020, diante do colapso
mundial causado pela pandemia do COVID-19.
Fragilidade
A pandemia plasmou em0 nossa realidade algo que, até então, era apenas uma abstração:
estamos propensos a incidentes de diversas naturezas, que podem afetar drasticamente nosso
estilo de vida. Estamos muito mais expostos a riscos do que nos agrada reconhecer.
Sejamos resilientes.
Ansiedade
A consciência do quanto somos frágeis gera ansiedade, uma das doenças mais comuns
atualmente (aproximadamente 4% da população mundial sofre algum tipo de transtorno de
ansiedade). Isso projeta um senso de urgência cada vez maior.
Sejamos empáticos.
Não-linearidade
A ideia de linha do tempo sequencial é ilusória no mundo BANI. Essa característica está
associada à relação quase indistinguível entre causa e efeito, o que pode afetar diretamente
planejamentos muito detalhados e de longo prazo.
Sejamos adaptáveis.
Incompreensibilidade
Com a quantidade crescente de inovações, avalanche de novos dados e o surgimento da
tecnologia Big Data empresarial, a procura por respostas e prognósticos só aumenta. A
incompreensibilidade é consequência dessa sobrecarga de informações, que, muitas vezes, é
contraditória.
Sejamos transparentes e procuremos desenvolver mais a intuição.
Por esse novo conceito se aproximar bastante das pessoas e suas formas de lidar com
cenários mais frágeis e ansiosos, habilidades comportamentais, tais como: resiliência e empatia
devem se tornar cada vez mais importantes tanto individualmente como no trabalho em
grupo/equipe.
Além disso, a busca por capacitações analíticas e tecnologias que previnam falhas ou
antecipem futuros possíveis também deve ser priorizada. O objetivo é se preparar para
turbulências e facilitar o trabalho dos profissionais de inteligência na hora de esmiuçar novos
cenários para, eventualmente, converter desafios em grandes oportunidades para a empresa.
Mundo BANI x Mundo VUCA
Apesar do mundo BANI retratar aspectos humanos frente ao caos, vemos cada vez mais
informações sendo produzidas, tecnologias se tornando obsoletas e novas formas de realizar uma
mesma tarefa com eficiência.
A volatilidade ainda faz parte da nossa realidade e anda de mãos dadas com possíveis falhas
— ou fragilidades — ocasionadas pela preocupação excessiva em gerar valor.
Toda essa avalanche de informações e inquietações faz com que as pessoas e,
consequentemente, as empresas – e seu ativo humano – se tornem mais ansiosas diante das
incertezas do amanhã.
Não é tarefa simples se posicionar nesse cenário. O conceito VUCA nos diz que o mundo é
complexo e inúmeros fatores estão interligados, mas que não existe uma resposta pronta para lidar
com esses fenômenos.
Muitas vezes a saída está no uso de dados. Entretanto, o acrônimo BANI alerta para a
sobrecarga de informações a que estamos expostos, o que pode tornar cada vez mais difícil a
tomada de decisão que, por sua vez, pode ter uma repercussão inesperada e não-linear.
Tudo indica que nós, os seres humanos, fomos configurados pelo princípio Criador para evoluir,
mas, ao que parece, não estamos preparados para nos adaptar física, mental e emocionalmente ao
ritmo exigido pela transformação digital. Mas, felizmente, isso não significa que o nosso “GPS” vai
deixar de funcionar e vamos ficar desorientados para sempre…
Muitas pessoas nos procuram se queixando de uma insatisfação crescente e “inexplicável”, de uma
sensação de angústia que sufoca e assusta, de falta de sentido nos planos de futuro, mesmo
quando aparentemente alcançaram todos os balizadores de sucesso profissional e/ou social.
Cenários individuais à parte, para nós, esse é um sinal claro de que o indivíduo está no limiar de
um ponto de virada em sua vida. É a consciência intimando o indivíduo a migrar do modo
“necessidades existenciais” para o modo “necessidades transcendentais”. É a hora do salto
evolutivo não linear!
A partir desse momento, você deixará de ser testemunha ocular da transformação planetária para
ser um agente multiplicador dessa transformação. Você vai descobrir que suas limitações nunca
foram os seus limites.
Afinal, simultaneamente a este ambiente VUCA-BANI, é evidente que está coexistindo com outro
tipo de transformação muito mais sutil e igualmente poderosa… nos referimos à expansão da
consciência humana.
O despertar do planeta é notório, nunca se viu tanta gente falando de propósito, de levar uma vida
mais essencial e mais significativa, com mais cuidado com o outro. O despertar é coletivo.
Olhando para um horizonte de tempo de, talvez, 30 anos, veremos literalmente novos seres
habitando o planeta. Talvez os híbridos, usando, sim, inteligência artificial, usando implantes no
corpo, mas com uma consciência mais expandida e, consequentemente, mais unificada com o
todo.
Provavelmente, as sementes que darão origem a esse novo ser estão sendo germinadas agora.
Para esse “superhumano” a compaixão será uma virtude orgânica, ele viverá em comunhão com o
ecossistema e será consciente de que é o cocriador da realidade que o cerca. Terá em mente que
é mais um fruto da mãe natureza e que seus melhores talentos existem para servir ao mundo.